O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou, nesta sexta-feira (29), o Centro de Tecnologia e Inovação Agroindustrial da empresa Acelen Renováveis, conhecido como Acelen Agripark, em Montes Claros, norte de Minas Gerais. O espaço reúne pesquisa, inovação e tecnologia para o desenvolvimento da macaúba, matéria-prima inovadora na produção do Combustível Sustentável de Aviação (SAF, na sigla em inglês) e Diesel Verde (HVO).
“Nós temos mais de 40 milhões de hectares de terra degradadas que a gente pode recuperar produzindo outras coisas que não aquilo que a gente já planta. Por isso, o dia de hoje é muito especial para mim, é a concretização de um sonho que está se transformando, definitivamente, em realidade. E eu vi a cara das jovens e dos jovens que trabalham nessa fábrica e eu, sinceramente, vi os olhos de pessoas que sonham”, destacou o presidente.
A construção do Acelen Agripark teve investimento de R$314 milhões, sendo R$ 258 milhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES). O complexo integra o projeto de biocombustíveis da empresa, e prevê investimentos iniciais de US$3 bilhões na construção da primeira planta integrada, que incluem, além do Acelen Agripark, a construção de uma biorrefinaria na Bahia e o plantio de macaúba em terras degradadas, em Minas Gerais e na Bahia, entre outras infraestruturas.
A expectativa é de que seja produzido 1 bilhão de litros de SAF por ano a partir de 2028. O projeto integra o Novo PAC do Governo Federal e tem previsão de 85 mil empregos em toda a cadeia produtiva, de acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Lula lembrou o pioneirismo do Brasil na produção de biocombustíveis, tecnologia que ele impulsiona desde o primeiro mandato na Presidência da República, iniciado em 2003. “O dado concreto é que aquela ideia do Roberto Rodrigues [ex-ministro da Agricultura] e da Dilma [Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia], que vieram discutir comigo a questão do biodiesel, permite que a gente esteja hoje inaugurando uma empresa que está recebendo investimento em dez anos de 3 bilhões de dólares, o equivalente a quase R$ 16 bilhões”, contou. “E a gente está mostrando ao mundo que não tem volta. O Brasil será o campeão mundial nessa transição energética e de combustível renovável”, frisou.
LEI DO COMBUSTÍVEL DO FUTURO
Segundo o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), o Acelen Agripark vai impulsionar a descarbonização dos setores aéreo e de transportes, um dos principais objetivos da Lei do Combustível do Futuro, desenvolvida pelo governo e sancionada pelo presidente Lula em 2024. Essa norma é decisiva para estruturar o mercado de SAF no Brasil, ao estabelecer metas obrigatórias de redução das emissões do setor aéreo a partir de 2027 e criar previsibilidade para novos investimentos.
“Por que nós somos imbatíveis? Porque produzir macaúba no Brasil é mais barato do que produzir em qualquer outra parte do mundo e o presidente Lula já enxergava isso. E, no projeto Combustível do Futuro, nós criamos mandato para o diesel verde, que é para onde vai a macaúba desses 180 mil hectares que plantaremos no norte de Minas e no sul da Bahia”, disse Silveira.
A legislação, portanto, impulsiona a atração de capital privado, o desenvolvimento de tecnologias a partir de diferentes matérias-primas, como soja, palma, macaúba e etanol, posicionando o Brasil como protagonista na transição energética da aviação. Os biocombustíveis, como o SAF, têm potencial de redução de até 80% das emissões de CO2. “Tenho muito orgulho do Combustível do Futuro”, pontuou Lula.
INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS
Considerando que a Acelen Renováveis é uma empresa de energia criada pelo fundo de Investimentos Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos, o senador Rodrigo Pacheco exaltou as características brasileiras que atraem investimentos estrangeiros.
“O nosso país deve ser reconhecido como um país capaz de receber e dar segurança a esses investimentos, porque temos instituições que funcionam na nossa democracia. Isso fez com que os Emirados Árabes Unidos, através de suas instituições, de seus fundos, de suas empresas, investissem e acreditassem no nosso país”, declarou.
DESENVOLVIMENTO
Luiz de Mendonça, CEO da Acelen Renováveis, destacou a integração do Centro com o Novo PAC e agradeceu o esforço federal na implementação do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (REIDI). “Aproveito para registrar o nosso agradecimento especial ao Governo Federal pelo esforço na implementação do REIDI assim como ao BNDES, que acreditou neste projeto e viabilizou o financiamento ao Acelen Agripark. Ressalto que o Regime Especial suspende tributos que irão viabilizar grandes projetos”, afirmou.
O trabalho no Acelen Agripark será orientado pelo mapeamento de maciços com maior potencial de produção de óleo, formando o banco de germoplasma para seleção das melhores plantas, clonagem e melhoramento genético. O centro atuará no desenvolvimento de processos para ganhos de eficiência e produtividade, incluindo protocolos de germinação, produção de mudas, automação para redução de perdas e custos, cultivos experimentais voltados à adaptação da espécie e aumento do rendimento do óleo.
Além disso, há a construção de planta piloto e unidades para extração, caracterização e processamento de óleo e coprodutos. Os avanços começam a gerar resultados: no início deste ano, a equipe agroindustrial da Acelen Renováveis realizou a primeira extração industrial de óleo de macaúba.
MACAÚBA
A macaúba é uma planta brasileira de alto poder energético, de sete a dez vezes mais produtiva por hectare plantado em comparação à soja. Os biocombustíveis a partir da macaúba têm potencial para reduzir 80% das emissões de CO2, em comparação aos combustíveis fósseis – isso sem considerar o sequestro de carbono. Em maio deste ano, a Acelen Renováveis iniciou o plantio das mudas de macaúba na fazenda-modelo, no município de Cachoeira, na Bahia.
Na primeira etapa, foram 198 hectares cultivados e cerca de 90 mil mudas plantadas. O projeto tem o objetivo de criar oportunidades econômicas e sociais desde a germinação da semente até a distribuição dos combustíveis, tornando-o um vetor de desenvolvimento sustentável.
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